quinta-feira, 24 de junho de 2010

PF prende 19 acusados de tráfico de crack no RN, Piauí e Maranhão

Polícia Federal prendeu 19 empresários acusados de tráfico de crack durante a Operação Mosaico nos estados do Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte. O delegado de Repressão a Entorpecentes da Polícia Federal do Piauí, Alex Chagas Silva, informou que durante a operação os agentes federais cumpriram 15 mandados de prisão e 15 de busca e apreensão, sendo nove em Teresina, capital piauiense, na cidade de Floriano (PI) e em São Luís (MA), foi feita uma prisão em flagrante durante a operação e foram presos três empresários em Natal (RN), que faziam parte da organização criminosa.
As prisões e mandados de busca e apreensão foram determinados pelo juiz da 7ª Vara Criminal de Teresina, Almir Abib Tajra. O delegado Alex Chagas Silva informou que os traficantes de drogas presos durante a operação não pegavam diretamente na droga para a venda no varejo, mas distribuíam o crack para os pontos de venda em Teresina. Segundo ele, o crack é comprado de traficantes de São Paulo e do Amazonas e que são ligados a uma facção criminosa de São Paulo.
O superintendente da Polícia Federal no Piauí, Marcos Antônio Farias, declarou que durante a operação foram apreendidos 60 quilos de crack, seis veículos, entre eles quatro automóveis e duas motocicletas, além de duas metralhadoras e de R$ 18,5 mil em dinheiro. - Foi confirmada a relação do grupo que atuava no Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte com uma facção criminosa de São Paulo. A droga apreendida foi considerável principalmente para a região - declarou o delegado federal Marcos Antônio Farias.
Alex Chagas Silva disse que os empresários presos no Piauí são jovens e atuavam em várias frentes, mas com uma atividade principal, o tráfico de crack. Os empresários presos são donos de postos de lavagem de carros, traillers de venda de lanches e bebidas, mas a atividade principal o tráfico de crack. - A quadrilha atuava há cerca de dois anos incrementando o tráfico no Piauí, Maranhão e Rio Grande do Norte. Para a Polícia Federal a Operação Mosaico foi uma atividade de embate contra uma organização criminosa. É comum a imprensa acompanhar operações de apreensão de drogas em pontos de venda. Agora, não, as prisões foram de financiadores do tráfico de crack, pessoas que não têm contato direto com a droga - afirmou Alex Chagas Silva.
Ele informou que as investigações feitas pela PF começaram em setembro do ano passado e chegaram à sua conclusão com a prisão dos traficantes. - Nós prendemos os cabeças, os que coordenavam o tráfico de drogas no Piauí, com uma ponta no Maranhão. Tinham no Piauí negócios da fachadas e são jovens atuando no mercado de entorpecentes - afirmou Alex Chagas Silva.
O chefe de Investigação do Crime Organizado da Polícia Federal do Piauí, delegado Janderlyer Gomes, disse que os traficantes de crack do Piauí empregavam o dinheiro do aluguel de armas, como metralhadoras, para alugar para quadrilhas que praticam assaltos em Pernambuco, Paraíba, Maranhão e outros estados do Nordeste para incrementar o tráfico de entorpecentes. - Eles alugam as armas para os bandidos que assaltam em outros estados. Os fornecedores do crack para os traficantes piauienses são do Maranhão, mas também vendem para as cidades maranhenses - disse Janderlyer Gomes.
Foram feitas prisões nos bairros do Parque Piauí, Promorar, Vila Irmã Dulce e Palitolândia, na periferia de Teresina. A expansão do crack está preocupando o Piauí, um estado de 3,1 milhão de habitantes, principalmente a capital Teresina, uma cidade de 800 mil habitantes. O juiz Almir Abib Tajra informou que a Polícia Federal fez um mapa do tráfico de drogas em Teresina e constatou a existência de 500 pontos de crack na cidade. Ele informou que existem na capital 200 traficantes presos, sendo 160 provisórios e 40 já julgados e condenados. - O número de traficantes aumenta a cada dia. Se a polícia prende o traficante, a mulher assume, se a mulher é presa, o filho assume o ponto de venda de drogas e se prendem o filho, o neto começa a traficar - disse Almir Abib Tajra.
Por causa do avanço da droga, o Sistema Integrado de Comunicação Meio Norte, que tem uma plataforma de uma emissora de TV, duas emissora de rádio, um jornal e um portal de notícias, e uma organização não-governamental Fazenda da Paz, que faz tratamento de dependentes químicos no Piauí, promovem desde o dia 1º junho uma campanha publicitária contra o crack, que tem como ápice a paralisação de todas as atividades da cidade por um minuto, partir das 7h, quando será feita uma caminhada pela principal avenida teresinense, a Frei Serafim, até a Câmara dos Vereadores. -
Nós vamos fazer uma caminhada com cerca de 5 mil pessoas para que Teresina não vire uma cracolândia. Nós temos uma unidade de tratamento de pessoas com dependência química com 172 pacientes e temos uma fila de 220 para fazer exames médicos para o ingresso. O crack por ser barato virou uma epidemia e as famílias e comunidades não sabem como enfrentar o problema. A campanha nos veículos de comunicação foi para conscientizar a sociedade para o avanço do crack - declarou o coordenador da Fazenda da Paz, Célio Luiz Barbosa.

Da Agência O Globo